27 de junho de 2011

Dicionário e expressões em Iorubá

- A -



Adó = comida feita com pipocas em grão e epô
Abá = pessoa idosa, velho.
Abadá = para sempre
Abadó = milho de galinha.
Abará = nome de uma comida de origem africana.
Abébé = leque.
Abiodum = um dos Obá da direita de Sango.
Àbaja = marca facial do povo de Òyó
Ade = coroa.
Adetá = nome sacerdotal.
Adun = comida de Osun, milho pilado, azeite dendê e mel.
Afonjá = uma qualidade de Sango.
Agboulá = nome de um Egun.
Agôgô = instrumento musical conico feito de ferro.
Ayabá = orisá feminino, senhora idosa.
Aiyê = o mundo terrestre.
Airá = um òrìsá.
Ajá = campainha, sino.
Ajimudá = título sacerdotal.
Akoro = uma das invocações e dos nomes de Ogun.
Aku = obrigação funerária.
Akikó = galo.
Alá = espécie de pano branco.
Alabá = nome de um sacerdote do culto aos ancestrais.
Alabe = tocadores de atabaque.
Alafiá = felicidade; tudo de bom.
Alafin = o mesmo que o rei de Óyó – Nigéria.
Alapini = nome sacerdotal do culto aos ancestrais.
Alase = pessoa que tem autoridade.
Alé = noite.
Apaoká = jaqueira.
Aramefá = conselho de Osòóssi, composto de seis pessoas.
Aré = nome do primeiro Obá de Sango.
Ararekolê = como vai?
Aresá = um dos Obá da esquerda de Sango.
Ariasé = banho na fonte no início das obrigações.
Arô = nome que se dá ao par de chifres de boi usado p/ chamar Osòóssi.
Arôlu = nome de um dos Obá da direita de Sango.
Asobá = sumo sacerdote do culto de Obaluwaiyê.
Ati = e (conjunção).
Atori = vara pequena usada no culto de Osalá e usada para tocar atabaque.
Awá = nós.
Awon = eles.
Asedá = babalawo iniciado por Òrúmìlá.
Aso = roupa.
Asogun = o encarregado dos sacrifícios.
A-ian-madê = como vão os meninos?
Adupé-lewô-Olorun = graças a Deus por ter conservado minha vida e a minha saúde até hoje.
Alabasé = companheiro, colega de trabalho.
Alaiyè = possuidor da vida.
Asé = força vital e que assim seja.
Aiyê = Terra.
Ago = licença.
Am-nó = o misericordioso.
Aba-lasé-di = cerimônia de iniciação.
Asesê = cerimônia fúnebre.
Amadosi d’Orisá = cerimônia do dia do òrìsá dar o nome.
Amasi no ori = cerimônia de lavar a cabeça com ervas sagradas.
Aiê = terra, festa do ano novo.
Ataré = pimenta da costa.
Ata = pimenta
Amalá = comida feita de quiabo com ebá – angú de farinha.
Abará = bolo feito com feijão e frito no epô.
Akará = bolo feito com feijão fradinho, pimenta, camarão seco e frito no epô.
Akarajé = o mesmo que o Akará.
Afurá = bolo feito com arroz.
Ambrozó = feito de farinha de milho.
Agbon = côco.
Ajé = poder feiticeiro.
Ajeun = comida.
Agusó = espécie de legumes.


- B -


Bàbá = pai.
Babalawo = sacerdote, pai do ministério, aquele que faz consultas através do jogo.
Badá = título sacerdotal.
Baiani = orisá considerada mãe de Xangô.
Balé = chefe de comunidade.
Balué = Banheiro.
Bamgbosê = sacerdote do culto de Sango.
Bé = pular, pedir.
Bi = nascer, perguntar.
Bibá = está aceito.
Bibé = está seco.
Biwá = nasceu para nós.
Biyi = nasceu aqui, agora.
Bó = adorar
Bo = cobrir.
Bode = portão.
Borogun = aquele que adora Ogun, saudação da família.


- D -


Dagan = título sacerdotal.
Dago = dê licença.
Dê = chegar.
Deiyi = chegou agora.
Dodo = banana da terra frita.
Duro = esperar.


- E -


Ebá = pirão de farinha de mandioca ou inhame.
Ègbé = sociedade.
Ebo = comida feita de milho branco, especial para Oxalá.
Ebó = sacrifício ou oferenda.
Ebori = cerimonia de dar ebó a cabeça (Ori)
Edun = nome próprio.
Edun ara = pedra do igbá de Sàngo.
Egun = espírito ancestral.
Eiye = pombo.
Ejé = sangue.
Ejilaeborá = nome que se dá às doze qualidades de Sàngo.
Ejionilé = nome de um Odu, Ogbe ou Ejiogbe.
Ekó = comida feita com milho branco; akasa.
Eku = rato.
Elebó = aquele que faz o sacrifício.
Eledá = o seu duplo no Orun.
Elemasó = título de um sacerdote no culto de Osalá.
Elerin = um dos Obá da esquerda de Sàngo.
Elesé = que está aos pés, seguidor.
Êpa = amendoim.
Éran = carne.
Êre = as esculturas de madeiras
Eru = carrego.
Erúkéré = chicote feito com crina de cavalo, usado por Oòósi, Oyá, Egun e pessoas importantes do culto.
Etu = galinha D’angola.
Ewá = nome de um orixá.
Esu = nome de um importante orisá erroneamente associado ao diabo católico.


- F -


Fatumbi = título de um sacerdote de ifá.
Filá = gorro.
Fun = dar.
Funké = a que veio para cuidar.


- G -


Gan = outro nome do agogô na Nação ioruba.


- I -


Yangui = pera de laterita, simboliza Esù.
Ianlé = as partes da comida que são oferecidas ao orixá.
Iansan = orixá patrono dos ventos, do rio Niger e dos relâmpagos.
Igbá = recipiente onde se colca os objetos do òrìsá.
Ibi = aqui, quando o Odu está negativo.
ibiri = objeto de mão, usado pela orixá Nanã, feito em palha, couro e contas.
Ibó = lugar de adoração.
Igbô = floresta.
Iemonjá = orisá dos rios e das águas salgadas.
Ijesá = nome de uma região da Nigéria e de um toque para orisá Osum, Osála e Ogum.
Iká = modo de deitar-se das pessoas de orixá feminino, para saudação, nome de um Odu.
Iku = morte.
Ilè = casa.
Ilé = terra.
Ina = fogo.
Ipeté = inhame cozido, pisado, temperado com camarão seco, sal, azeite de dendê e cebola.
Ire = felicidade.
Iuindejà = título sacerdotal.
Iuintonã = título sacerdotal.
Isu = inhame.
Iyá = mãe.
Iyabasé = cargo de inicada de Osun, òrìsá da cozinha.
Iyalaxé = mulher mais importante da casa.
Iyalodé = um alto título, líder entre as mulheres.
Iyalorisá = Zeladora do culto.
Iyamasê = orisá da casa de Sango.
Iyamoro = título de uma sacerdotisa do templo de Obaluaiyê.
Iyawo = nome dado aos iniciados, noiva.


- J -


Ji = despertar
Jinsi = título sacerdotal.
Jô = dançar.
Jobi = título sacerdotal.

- K -


Kaiodé = nome de uma sacerdotisa de Osòóssi.
Kan = um (número cardinal).
Kankanfô = um dos obá da direita de Sango. general
Kefá = sexto número ordinal.
Kejilá = décimo segundo (numero ordinal).
Kekerê = pequeno.
Ketà = terceiro (nº. ordinal).
Kolabá = nome de uma sacerdotisa do culto de Sango.
Kopanijê = um toque especial do orixá Obaluaiyê.
Koserê = que seja feliz, e que tudo de bom aconteça.


- L -


Labá = bolsa de couro usada no culto de Sango.

Lara = no corpo.
Lê = forte.
Lesé = aos pés (lesé orisá – seguidores do orisá).
Ló = ir.
Lode = lado de fora; lá fora.
Lodo = no rio.
Logun = corrupitela de Logunèdé.
Logunedé = nome de um òrìsá.
Lonon = no caminho.


- M -


Mariwo = tala do olho do dendezeiro desfiada.
Mode = cheguei.
Mogbá = título de um sacerdote do culto de Sango.
Mo jubá = meus respeitos.


- N -


Nanã = nome da orisá
Nilè = na casa.


- O -

Obá = rei.
Obaluwaiyê = nome do orisá patrono das doenças epidêmicas.
Obarayi = nome de uma sacerdotisa filha de Sango.
Obatalá = òrìsá do pano branco, O supremo.
Obatelá = nome de um dos obá da direita de Sango.
Obasorun = nome de um dos obá da esquerda de Sango.
Obi = fruto africano utilizado nos rítuais.
Obitikô = Sango.
Oburo = irmão (ã) mais novo.
Ode = fora, rua.
Odé = caçador; nome que também é dado ao orixá Osòóssi.
Odi = nome de um odu, jogo de ifá.
Odo = rio.
Odófin = nome de um dos obá da direita de Sango.
Odu = òrìsá que indicam seu momento ou destino
Oduduwá = orisá que participou da criação da terra.
Ofun = nome de um odu.
Ogã ou Ogan = cargo de alta importancia no culto.
Ogoda = uma qualidade de Sangô.
Ogue = instrumento de percussão feito de chifres de boi.
Ogun = orixá patrono do ferro, do desbravamento e da guerra.
Oyn = mel.
Oyakebe = nome de uma sacerdotisa de Iansan.
Ojá = ornamento feito com tira de pano.
Ojé = sacerdote do culto de Egun ou Egungun.
Ojó = dia da semana.
Oju = olho.
Ojubó = lugar de adoração.
Oke = montanha.
Oke-Aro = saudação para Osòóssi.
Okó = marido.
Oko = roça, fazenda. òrìsá da agricultura.
Olelé = bolo feito com feijão fradinho; abará.
Olodê = o senhor da rua, do espaço, de fora.
Olorum = entidade suprema, força maior, que está acima de todos os orisás.
Olouwo = cargo dentro do culto de Ifá.
Olùwá = senhor.
Oluwayê = senhor do mundo
Olubajé = cerimônia onde Obaluwaiye reparte sua comida com seus filhos e seguidores.
Olukotun = o nome do ancestral mais velho, cabeça do culto de Egun.
Omi = água.
Omo = filho.
Omode = criança
Omolu = vodun djedje ou Nação efon.
Omorisá = filho de orisá.
Onon = caminho.
Onãsokun = um dos obá da esquerda de Sango.
Onìkòyi = um dos obá da esquerda de Sango.
Onilé = órìsá da terra.
Onilè = dona da casa.
Opasorô = cajado de Osalá.
Opo = pilastra.
Ori = cabeça.
Oro = preceito, costume tradicional.
Orobô = fruto africana que se oferece à Sango e outros òrìsás.
Orukó = nome do iniciado.
Osoniyn = orisá que vive dentro das folhas (ewe).
Osé = semana; rito semanal.
Osi = esquerda, ou a terceira pessoa de um cargo.
Osá = nome de um odu ifá
Oti = aguardente.
Otun = direita, ou segunda pessoa de um cargo.
Ówó = dinheiro.
Osogiyan = uma qualidade de Osalá relacionado com o inhame novo.
Osalá = o mais respeitado, o pai de todos orisás.
Osalufã = uma qualidade de Oxalá; Oxalá velho.
Ose = sabão da costa africana.
Osòóssi = orisá igbo, patrono da floresta e da caça.
Ososo = milho cozido com pedaços de coco; comida do orixá Ogun.
Osum = òrìsá das águas do rio.
Osumare = nome do orisá relacionado a chuva, babalawo do Orun.


- P -

Pá = matar.
Pade = encontrar.
Pe = chamar.
Peji = altar.
Pepeiye = pato.
Pepelê = banco.
Peté = plano, chato, horizontal.


- S -


Si = para.
Sòrò = falar.
Sun = dormir.


- T -

Tanã = vela, lâmpada, fifo.
Temi = nome sacerdotal.
To = suficiente, basta.


- U -


Uwá = vir.
Unbó = está vindo, está chegando.
Unjé = comida.
Uwo = olhar, reparar.


- X -


Xaorô = pequenos guizos
Xarará = emblema do orixá Obaluaiyê.
Xê = fazer.
Xekeré = cabaça revestida com contas de Santa Maria ou búzios.
Xerê = chocalho especial para saudar Xangô, em cabaça com cabo ou em cobre.
Xirê = festa, brincadeira.
Xokotô = calças.
Xorô = fazer ritual.

Seguem agora algumas palavras e expressões, derivadas do yoruba e de outras influências linguísticas, igualmente de origem africana, mas provenientes de outras nações e que já sofreram entretanto alteração e adaptação fonética por força do português. No entanto, estas palavras e expressões são utilizadas correntemente no dia a dia das casas de santo. Isto para explicar porque algumas letras que não se encontram acima, se encontram abaixo, pois letras como o C não fazem parte da língua Yoruba.


A


Abadá – Blusão usado pelos homens africanos.
Abadô – Milho torrado
Abebé – Leque.
Abassa – Salão onde se realizam as cerimônias públicas do camdomblé, barracão.
Adé – Coroa.
Adie – Galinha.
Adupé = Dupé – Obrigado.
Afonja – É uma qualidade de Xangô.
Agbô – Carneiro.
Aguntam – Ovelha.
Ajeum – Comida.
Alabá – Título do sacerdote supremo no culto aos eguns.
Aledá – Porco.
Alaruê – Briga.
Alubaça – Cebola.
Axó – Roupa.
Axogum – Auxiliar do terreiro, geralmente importante na hierarquia da casa, encarregado de sacrificar os animais que fazem parte das oferendas aos orixás.

B

Baba – Pai.
Babaojê – Sacerdote do culto dos eguns; Ojé é o nome de todos iniciados no culto aos eguns.
Babassá – Irmão gêmeo.
Balê – Casa dos mortos.
Balé – Chefe de comunidade.
Beji – Orixá dos gêmeos.
Biyi – Nasceu aqui, agora.
Bô – Adorar.


C

Conguém – Galinha da Angola.
Cambaú – Cama.
Cafofo – Túmulo.
Caô – É um tipo de Xangô.
Catular – Cortar o cabelo com tesoura, preparando para o ritual de raspagem para iniciação no Candomblé.
Cutilagem – É o corte que se faz na cabeça do iniciado; é realizado para abrir o canal energético principal que o ser humano tem no corpo, exatamente no topo da cabeça,(no Ori), por onde vibra o axé dos Orixás para o interior de uma pessoa.

D

Dã – Orixá das correntes oriundas do Daomé.
Dara – Bom, agradável.
Dide – Levantar.
Dagô – Dê licança.
Dê – Chegar.
Dudu – Preto.


E

Edu – Carvão.
Eiyele – Pombo.
Elebó – Aquele que está de obrigação.
Eledá – Orixá guia.
Erú – Carrego; carga.
Equê – Mentira.
Esan – Vingança.
Emi – Vida
Enu – Boca
Eran – Carne
Ejó – Cobra.
Egun – Alma, espírito.
Epô – Azeite
Epô-pupa – Azeite de dendê
Eró – Segredo

F

Fá – Raspar
Fadaka – Prata
Filá – Gorro
Funfun – Branco
Fenukó – Beijar
Ferese – janela
Fo – Lavar
Fún – Dar
Farí – Raspar cabeça.

G

Ga – Alta, grande
Ge – Cortar
Gari – Farinha
Gururu – Pipoca

I

Ia – Mãe
Ia ia – Avó
Ialorixá – Mãe de santo (sacerdote de orixá)
Iban – Queixo
Idí – Ânus, nádega
Ibô – Mato
Ibó – Lugar de adoração
Ilê – Casa
Ibá – Colar, cheio de objetos ritualístico
Inã – Fogo
Ijexá – Nome de uma região da Nigéria e de um toque para os Orixás Oxum, Ogum e Oxala.
Ipadê – Reunião
Ida – Espada
Ida-oba – Espada do Rei
Ideruba – Fantasma
Idodo – Umbigo
Ifun – Intestino
Idunnu – Felicidade
Igi – Árvore
Ijo – Dança
Iku – Morte
Iyabasé – Cozinheira
Iyalaxé – Mãe do axé do terreiro

J

Jajá – Esteira
Jalè – Roubar
Ji – Acordar, roubar
Jeun – Comer
Jimi – Acorda-me
Joko – Sentar
Jade – Sair
Jagunjagun – Guerreiro, Soldado


K

Kà – Ler, contar
Kan – Azedo
Kekerê – Pequeno
Koró – Fel, amargo
Kòtò – Buraco
Kuru – Longe
Ko Dara – Ruim
Ku – Morrer
Kosi – Nada

L

Là – Abrir
Lê – Forte
Lile – Feroz, violento
Liló – Partir
Larin – Moderado
Ló – Ir
Lailai – Para sempre
Lowo – Rico
Lu – Furar
Lodê – Lado de fora, lá fora
Lodo – No rio
Lona – No caminho

M

Malu – Boi
Meje – Sete
Mun – Beber
Muló – Levar embora
Mojubá – Apresentando meu humilde respeito
Mo – Eu
Mí – Viver
Mejeji – Duas vezes
Mandinga – Feitiço
Maleme – Pedido de perdão
Mi-amiami – Farofa oferecida para exu
Modê – Cheguei


N


Ná – Gastar
Ní – Ter
Níbi – No lugar
Nítorí – Por que
Nu – Sumir
Najé – Prato feito com argila
Nipa – Sobre
Nipon – Grosso.

O

Obé – Faca
Obé fari – Navalha
Oberó – Alguidar
Obirim – Mulher, feminino
Ojiji – Sombra
Oju ona – Olho da rua, ( caminho )
Okó – Pênis
Omi – Água
Omi Dudu – Café preto
Otí – Álcool
Owo – Dinheiro
Oyin – Mel
Obá – Rei
Odé – Caçador
Orun – Céu
Ofá – Arco e flecha
Olorum – Deus
Ota e Okuta – Pedra
Odo – Rio
Obo – Vagina
Otin nibé – Cerveja
Otin Dudu – Vinho tinto
Otin fum-fum – Aguardente
Odê – Fora, rua
Olodê – Senhor da rua
Omo – filho, criança.
Ongé – Comida

P

Pá – Matar
Pada – Voltar
Padê – Encontrar
Paeja – Pescar
Peji – Altar
Pelebi – Pato
Pupa – Vermelho
Paki – Sala
Patapá – Burro
Pepelê – Banco

R

Rà – Comprar
Rere – Muito bem
Re – Ir
Rìn – Trabalhar
Rí – Ver
Ronu – Pensar
Roboto – Redondo


S


Sanro – Gordo
Sare – Rápido, correr
Sínun – Dentro
Sise – Trabalho
Sun – Dormir
Sarapebé – Mensageiro
Sòrò – Falar
Si Ori – Abrir a Cabeça

T

Tata – Gafanhoto
Tèmi – Meu, minha
Toto – Atenção
Titun – Novo
Tóbi – Grande, maior
Tàbá – Tabaco, fumo
Tete – Aplicado
Tanã – Vela, lâmpada
Tún – Retorno
Taya – Esposa
Tutu – Frio, gelado

W

Wa – Nosso
Wèrè – Louco
Wúrà – Ouro
Wu – Desenterrar
Wun ni – Gostar
Wakati – Hora
Wara – Leite

X

Xaorô – Tornozeleira de palha da costa usada durante o recolhimento para o processo de iniciação.
Xarará – Instrumento simbólico do Orixá Obaluaiyê
Xê – Fazer
Xirê – Festa, brincadeira

Y

Yàgó – Licença
Yan – Torrar
Yaro – Ficar aleijado
Yiyan – Assado
Yonrin – Areia
Yama – Oeste
Yara-ypejo – Sala

IROKO



IRÔKO

Dia da Semana: Terça-feira.
Cores: Branco, Verde (ou Cinza) e Castanho
Símbolo: Lança, Grelha
Domínios: Tempo, Vida e Morte
Saudação: Iroko I Só! Eeró!

Iroko ou Tempo, como também é conhecido, é um Orixá muito antigo. Iroko foi à primeira árvore plantada e pela qual todos os restantes Orixás desceram à Terra. Iroko é a própria representação da dimensão Tempo.

Iroko, Iroco ou Roko (do iorubá Íròkò) é um orixá cultuado no candomblé do Brasil pela nação Ketu e, como Loko, pela nação Jeje. Corresponde ao Inquice Tempo na nação Angola ou Congo.

Em todas as reuniões dos Orixás está sempre presente Iroko, calado num canto, anotando todas as decisões que implicam directamente na sua acção eterna. É um Orixá pouco conhecido dos seres vivos ou mortos, nascidos ou por nascer. Toda a criação está nos seus desígnios.

É o Orixá Iroko, implacável e inexorável, que governa o Tempo e o Espaço, que acompanha, e cobra, o cumprimento do Karma de cada um de nós, determinando o início e o fim de tudo.

Conhecido e respeitado na Mesopotâmia e Babilónia como Enki, o Leão Alado, que acompanha todos os seres do nascimento ao infinito; cultuado no Egipto como Anúbis, o deus Chacal que determina a caminhada infinita dos seres desde o nascimento até atravessar o Vale da Morte. Também venerado como Teotihacan entre os Incas e Viracocha entre os Maias como o Senhor do Início e do Fim; também presente no Panteão Grego e Romano, onde era conhecido e respeitado como Cronus, o Senhor do Tempo e do Espaço, que abriga e conduz a todos inexoravelmente ao caminho da Eternidade.

É o Tempo também das mudanças climáticas, as variações do tempo-clima. Guardião das florestas centenárias é o colectivo das árvores grandiosas, guardião da ancestralidade.

Em África, a sua morada é a árvore iroko, Milicia excelsa (antes classificada como Chlorophora excelsa), chamada “amoreira africana” na África de língua portuguesa. É uma árvore majestosa, encontrada da Serra Leoa à Tanzânia, que atinge 45 metros de altura e até 2,7 metros de diâmetro.

No Brasil, onde essa árvore não existe, diz-se que Iroko habita a gameleira branca, Ficus gomelleira ou Ficus doliaria (também chamada figueira-branca, guapoí, ibapoí, figueira-brava e gameleira-branca-de-purga). Nos terreiros, costuma-se manter uma dessas árvores como morada de Iroko, assinalada por um “ojá” (laço de pano branco) ao seu redor.

Iroko representa a ancestralidade, os nossos antepassados, pais, avós, bisavós, etc., representa também o seio da natureza, a morada dos Orixás.

Desrespeitar Iroko (a grande e suntuosa árvore) é o mesmo que desrespeitar a sua dinastia, os seus avós, o seu sangue… Iroko representa a história do Ylê (casa), assim como do seu povo… protegendo-o sempre das tempestades.

Ao contrário da maioria dos orixás, este não costuma “baixar” nas festas de santo, nem ser “feito” na cabeça dos fiéis. É reverenciado por meio de oferendas à árvore que o representa. Os animais a ele consagrados são a tartaruga e o papagaio.

Iroko é um Orixá pouco cultuado tanto no Brasil como em Portugal, e os seus filhos também são muito raros. Os seus filhos, no entanto, são sempre muito protegidos pelo seu Orixá.

Características dos filhos de Iroko

Os filhos de Iroko são tidos como eloquentes, ciumentos, camaradas, inteligentes, competentes, teimosos, turrões e generosos.

Gostam de diversão: dançar e cozinhar; comer e beber bem.

Apaixonam-se com facilidade e gostam de liderar.

Dotados de senso de justiça, são amigos queridos, mas também podem ser inimigos terríveis, no entanto, reconciliam-se facilmente.

Um defeito grande, é o facto de não conseguirem guardar segredos.

IBEJI

IBEJI

Dia: Domingo

Cores: Azul, Rosa e Verde
Elemento: Ar
Domínios: Nascimento e Infância
Símbolos: 2 Bonecos Gémeos, 2 Cabacinhas
Saudação: Omi Beijada!

Ibeji é o Orixá-Criança, em realidade, duas divindades gémeas infantis, ligadas a todos os orixás e seres humanos.

Por serem gémeos, são associados ao princípio da dualidade; por serem crianças, são ligados a tudo que se inicia e nasce: a nascente de um rio, o nascimento dos seres humanos, o germinar das plantas, etc.

Ibeji na nação Ketu, ou Vunji nas nações Angola e Congo. É o Orixá Erê, ou seja, o Orixá criança. É a divindade da brincadeira, da alegria; a sua regência está ligada à infância.

Ibeji está presente em todos os rituais do Candomblé pois, assim como Exú, se não for bem cuidado pode atrapalhar os trabalhos com as suas brincadeiras infantis, desvirtuando a concentração dos membros de uma Casa de Santo. É o Orixá que rege a alegria, a inocência, a ingenuidade da criança. A sua determinação é tomar conta do bebé até à adolescência, independentemente do Orixá que a criança carrega.

Ibeji é tudo o que existe de bom, belo e puro; uma criança pode-nos mostrar o seu sorriso, a sua alegria, a sua felicidade, o seu falar, os seus olhos brilhantes. Na natureza, a beleza do canto dos pássaros, nas evoluções durante o voo das aves, na beleza e perfume das flores.

A criança que temos dentro de nós, as recordações da infância. Feche os olhos e lembre-se de um momento feliz, de uma travessura, e você estará a viver ou revivendo uma lenda deste Orixá. Pois tudo aquilo de bom que nos aconteceu na nossa infância, foi regido, gerado e administrado por Ibeji. Portanto, Ibeji já viveu todas as felicidades e travessuras que todos nós, seres humanos, vivemos.

A lenda e a história de Ibeji, acontece a cada momento feliz de uma criança. Ao menos para manter vivo este importante Orixá, procure dar felicidade a uma criança. Faça você mesmo o encantamento de Ibeji. É fácil: faça gerar dentro de si a felicidade de estar vivo. Transmita esta felicidade, contagie o seu próximo com ela. Encante Ibeji com a magia do sorriso, com o amor de uma criança. E seja Ibeji, feliz!

Características dos filhos de Ibeji

Os filhos de Ibeji são pessoas com temperamento infantil, jovialmente inconsequentes; nunca deixam de ter dentro de si a criança que já foram. Costumam ser brincalhões, sorridentes, irrequietos – tudo, enfim, o que se possa associar ao comportamento típico infantil.

Muito dependentes nos relacionamentos amorosos e emocionais em geral, podem revelar-se teimosamente obstinados e possessivos. Ao mesmo tempo, a sua leveza perante a vida revela-se no seu eterno rosto de criança e no seu modo ágil de se movimentar, a sua dificuldade em permanecer muito tempo sentado, extravasando energia.

Podem apresentar bruscas variações de temperamento, e uma certa tendência a simplificar as coisas, especialmente em termos emocionais, reduzindo, às vezes, o comportamento complexo das pessoas que estão em seu torno a princípios simplistas como “gosta de mim – não gosta de mim”. Isso pode fazer com que se magoem e se decepcionem com alguma facilidade.

Ao mesmo tempo, as suas tristezas e sofrimentos tendem a desaparecer com facilidade, sem deixar grandes marcas. Como as crianças, em geral, gostam de estar no meio de muita gente, das actividades desportivas, sociais e das festas.

OIÁ-AINSÃ (OYA YÁNSÀN)

IANSÃ


Dia: Quarta-feira

Cores: Marrom, Vermelho e Rosa
Símbolos: Espada e Eruesin
Elementos: Ar em movimento, Fogo
Domínios: Tempestades, Ventanias, Raios, Morte
Saudação: Epahei!

O maior e mais importante rio da Nigéria chama-se Níger, é imponente e atravessa todo o país. Rasgado, espalha-se pelas principais cidades através de seus afluentes por esse motivo tornou-se conhecido com o nome Odò Oya, já que ya, em iorubá, significa rasgar, espalhar. Esse rio é a morada da mulher mais poderosa da África negra, a mãe dos nove orum, dos nove filhos, do rio de nove braços, a mãe do nove, Ìyá Mésàn, Iansã (Yánsàn).

Embora seja saudada como a deusa do rio Níger, está relacionada com o elemento fogo. Na realidade, indica a união de elementos contraditórios, pois nasce da água e do fogo, da tempestade, de um raio que corta o céu no meio de uma chuva, é a filha do fogo-Omo Iná.

A tempestade é o poder manifesto de Iansã, rainha dos raios, das ventanias, do tempo que se fecha sem chover.

Iansã é uma guerreira por vocação, sabe ir à luta e defender o que é seu, a batalha do dia-a-dia é a sua felicidade. Ela sabe conquistar, seja no fervor das guerras, seja na arte do amor. Mostra o seu amor e a sua alegria contagiantes na mesma proporção que exterioriza a sua raiva, o seu ódio. Dessa forma, passou a identificar-se muito mais com todas as actividades relacionadas com o homem, que são desenvolvidas fora do lar; portanto não aprecia os afazeres domésticos, rejeitando o papel feminino tradicional. Iansã é a mulher que acorda de manhã, beija os filhos e sai em busca do sustento.

O facto de estar relacionada com funções tipicamente masculinas não afasta Iansã das características próprias de uma mulher sensual, fogosa, ardente; ela é extremamente feminina e o seu número de paixões mostra a forte atracção que sente pelo sexo oposto. Iansã (Oyá) teve muitos homens e verdadeiramente amou todos. Graças aos seus amores, conquistou grandes poderes e tornou-se orixá.

Assim, Iansã tornou-se mulher de quase todos os orixás. Ela é arrebatadora, sensual e provocante, mas quando ama um homem só se interessa por ele, portanto é extremamente fiel e possessiva. Todavia, a fidelidade de Iansã não está necessariamente relacionada a um homem, mas às suas convicções e aos seus sentimentos.

Algumas passagens da história de Iansã relacionam-na com antigos cultos agrários africanos ligados à fecundidade, e é por isso que a menção aos chifres de novilho ou búfalo, símbolos de virilidade, surgem sempre nas suas histórias. Iansã é a única que pode segurar os chifres de um búfalo, pois essa mulher cheia de encantos foi capaz de transforma-se em búfalo e tornar-se mulher da guerra e da caça.

Oyá é a mulher que sai em busca do sustento; ela quer um homem para amá-la e não para sustentá-la. Desperta pronta para a guerra, para a sua lida do dia-a-dia, não tem medo do batente: luta e vence.

Características dos filhos de Iansã / Oyá

Para os filhos de Oyá, viver é uma grande aventura. Enfrentar os riscos e desafios da vida são os prazeres dessas pessoas, tudo para elas é festa. Escolhem os seus caminhos mais por paixão do que por reflexão. Em vez de ficar em casa, vão à luta e conquistam o que desejam.

São pessoas atiradas, extrovertidas e directas, que jamais escondem os seus sentimentos, seja de felicidade, seja de tristeza. Entregam-se a súbitas paixões e de repente esquecem, partem para outra, e o antigo parceiro é como se nunca tivesse existido. Isso não é prova de promiscuidade, pelo contrário, são extremamente fiéis à pessoa que amam, mas só enquanto amam.

Estas pessoas tendem a ser autoritárias e possessivas; o seu génio muda repentinamente sem que ninguém esteja preparado para essas guinadas. Os relacionamentos longos só acontecem quando controlam os seus impulsos, aí, são capazes de viver para o resto da vida ao lado da mesma pessoa, que deve permitir que se tornem os senhores da situação.

Os filhos de Oyá, na condição de amigos, revelam-se pessoas confiáveis, mas cuidado, os mais prudentes, no entanto, não ousariam confiar-lhe um segredo, pois, se mais tarde acontecer uma desavença, um filho de Oyá não pensará antes de usar tudo que lhe foi contado como arma.

O seu comportamento pode ser explosivo, como uma tempestade, ou calmo, como uma brisa de fim de tarde. Só uma coisa o tira do sério: mexer com um filho seu é o mesmo que comprar uma briga de morte: batem em qualquer um, crescem no corpo e na raiva, matam se for preciso.

OXUM (ÒSUN)

OXUM

Dia: Sábado

Cores: Amarelo – Ouro
Símbolo: Leque com espelho (Abebé)
Elemento: Água Doce (Rios, Cachoeiras, Nascentes, Lagoas)
Domínios: Amor, Riqueza, Fecundidade, Gestação e Maternidade
Saudação: Eri Yéyé ó!

Na Nigéria, mais precisamente em Ijesá, Ijebu e Osogbó, corre calmamente o rio Oxum, a morada da mais bela Iyabá, a rainha de todas as riquezas, a protectora das crianças, a mãe da doçura e da benevolência.

Generosa e digna, Oxum é a rainha de todos os rios e cachoeiras. Vaidosa, é a mais importante entre as mulheres da cidade, a Ialodê. É a dona da fecundidade das mulheres, a dona do grande poder feminino.

Oxum é a deusa mais bela e mais sensual do Candomblé. É a própria vaidade, dengosa e formosa, paciente e bondosa, mãe que amamenta e ama. Um de seus oriquis, visto com mais atenção, revela o zelo de Oxum com seus filhos:

O primeiro filho de Oxum chama-se Ide, é uma verdadeira jóia, uma argola de cobre que todos os iniciados de Oxum devem colocar nos seus braços.

Oxum não vê defeitos nos seus filhos, não vê sujidade. Os seus filhos, para ela, são verdadeiras jóias, e ela só consegue ver seu brilho.

É por isso que Oxum é a mãe das crianças, seres inocentes e sem maldade, zelando por elas desde o ventre até que adquiram a sua independência.

Seus filhos, melhor, as suas jóias, são a sua maior riqueza.

Características dos filhos de Oxum

Dão muito valor à opinião pública, fazem qualquer coisa para não chocá-la, preferindo contornar as suas diferenças com habilidade e diplomacia. São obstinadas na procura dos seus objectivos.

Oxum é o arquétipo daqueles que agem com estratégia, que jamais esquecem as suas finalidades; atrás da sua imagem doce esconde-se uma forte determinação e um grande desejo de ascensão social.

Têm uma certa tendência para engordar, a imagem do gordinho risonho e bem-humorado combina com eles. Gostam de festas, vida social e de outros prazeres que a vida lhes possa oferecer. Tendem a uma vida sexual intensa, mas com muita discrição, pois detestam escândalos.

Não se desesperam por paixões impossíveis, por mais que gostem de uma pessoa, o seu amor-próprio é muito maior. Eles são narcisistas demais para gostar muito de alguém.

Graça, vaidade, elegância, uma certa preguiça, charme e beleza definem os filhos de Oxum, que gostam de jóias, perfumes, roupas vistosas e de tudo que é bom e caro.

O lado espiritual dos filhos de Oxum é bastante aguçado. Talvez por isso, algumas das maiores Yalorixás da história do Candomblé, tenham sido ou sejam de Oxum.

OXALÁ

OXALÁ


Dia: Sexta-feira
Cor: Branco leitoso.
Simbolo: Opáxoró
Elementos: Atmosfera e Céu
Domínios: Poder procriador masculino, Criação, Vida e Morte
Saudação: Epa Bàbá

OXALÁ é o detentor do poder procriador masculino. Todas as suas representações incluem o branco. É um elemento fundamental dos primórdios, massa de ar e massa de água, a protoforma e a formação de todo o tipo de criaturas no AIYE e no ORUN. Ao incorporar-se, assume duas formas: OXAGUIÃ jovem guerreiro, e OXALUFÃ, velho apoiado num bastão de prata (APAXORÓ). OXALÁ é alheio a toda a violência, disputas, brigas, gosta de ordem, da limpeza, da pureza. A sua cor é o branco e o seu dia é a sexta-feira. Os seus filhos devem vestir branco neste dia. Pertencem a OXALÁ os metais e outras substâncias brancas.

Em África, todos os Orixás relacionados com a criação são designados pelo nome genérico de Orixá Fun Fun. O mais importante entre todos eles chama-se Orixalá (Òrìsanlà), ou seja, o grande Orixá, que nas terras de Igbó e Ifé é cultuado como Obatalá, rei do pano branco. Eram cerca de 154 Orixás Fun Fun, mas no Brasil e na Europa a quantidade reduz-se significativamente, sendo que dois, Orixá Olùfón, rei de Ifón (Oxalufã) e Orixá Ógìyán, o comedor de inhame e rei de Egigbó (Oxaguiã), se tornaram as suas expressões mais conhecidas.
A designação de Orixá Fun Fun deve-se ao facto de a cor branca se configurar como a cor da criação, guardando a essência de todas as demais. O branco representa todas as possibilidades, a base de qualquer criação. O nome Orisanlá foi contraído e deu origem à palavra Oxalá, e com esse nome o grande Deus-pai passou a ser conhecido no Brasil e na Europa. Todos os Orixás Fun Fun foram reunidos em Oxalá e divididos em várias qualidades das suas duas configurações principais: Òsálufón, Osagiyan, sendo este último, jovem e guerreiro, filho do primeiro mais velho e paciente.
Todas as histórias que relatam a criação do mundo passam necessariamente por Oxalá, que foi o primeiro Orixá concebido por Olodumaré e encarregado de criar não só o universo, como todos os seres, todas as coisas que existiriam no mundo.
A maior interdição de Oxalá é de facto o azeite-de-dendê, que jamais deve macular as suas roupas, os seus objectos sagrados e muito menos o seu Alá. A única coisa vermelha que Oxalá permite, é a pena de Ikodidè, prova de sua submissão ao poder genitor feminino.
O Alá representa a própria criação, está intimamente relacionado com a concepção de cada ser; é a síntese do poder criador masculino. A sua função primeira já remete ao seu significado profundo. A acção de cobrir não evoca somente protecção, zelo, denota a actividade masculina no acto sexual.
No Xirê, Oxalá é homenageado por último porque é o grande símbolo da síntese de todas as origens. Ele representa a totalidade, o único Orixá que, como Exú, reside em todos os seres humanos. Todos são seus filhos, todos são irmãos, já que a humanidade vive sob o mesmo teto, o grande Alá que nos cobre e protege, o céu.

Características do filho de Oxalufã


O tipo físico de OXALUFÃ é frágil, delicado, friorento, sujeito-a resfriados. Compensa sua debilidade física com grande força moral, e seu alvo à realizar a condição humana no que tem de mais nobre. É fiel no amor e na amizade. Oxalufã é o poente.

Características do filho de Oxaguiã


O tipo OXAGUIÃ é um jovem guerreiro combativo. É habitualmente alto e robusto, mas não é agressivo nem brutal. Não despreza o sexo e cultiva o amor livre. É alegre, gosta profundamente da vida, é falador e brincalhão. Ao mesmo tempo é idealista, defendendo os injustiçados, os fracos e os oprimidos. Orgulhoso, sedento de feitos gloriosos, às vezes, uma espécie de D. Quixote. Os seus pensamentos originais geralmente antecipam os da sua época. Ele é o nascente.

NANÃ BURUKU (NÀNÁ BURUKU/NÀNÁ BÙKÙÚ/NÀNÁ BRUKUNG)

NANÃ

Dia: Terça-feira
Cores: Anil, Branco e Roxo
Símbolo: Bastão de hastes de palmeira (Ibiri)
Elemento: Terra, Água, Lodo
Domínios: Vida e Morte, Saúde e Maternidade
Saudação: Salubá!

Nanã, a deusa dos mistérios, é uma divindade de origem simultânea à criação do mundo, pois quando Odudua separou a água parada, que já existia, e liberou do “saco da criação” a terra, no ponto de contacto desses dois elementos formou-se a lama dos pântanos, local onde se encontram os maiores fundamentos de Nanã.

Senhora de muitos búzios, Nana sintetiza em si morte, fecundidade e riqueza. O seu nome designa pessoas idosas e respeitáveis e, para os povos Jeje, da região do antigo Daomé, significa “mãe”. Nessa região, onde hoje se encontra a República do Benin, Nana é muitas vezes considerada a divindade suprema e talvez por essa razão seja frequentemente descrita como um orixá masculino.

Sendo a mais antiga das divindades das águas, ela representa a memória ancestral do nosso povo: é a mãe antiga (Iyá Agbà) por excelência. É mãe dos orixás Iroko, Obaluaiê e Oxumaré, mas por ser a deusa mais velha do candomblé é respeitada como mãe por todos os outros orixás.

A vida está cercada de mistérios que ao longo da História atormentam o ser humano. Porém, quando ainda na Pré-História, o homem se viu diante do mistério da morte, em seu âmago irrompeu um sentimento ambíguo. Os mitos aliviavam essa dor e a razão apontava para aquilo que era certo no seu destino.

A morte faz surgir no homem os primeiros sentimentos religiosos, e nesse momento Nana faz-se compreender, pois nos primórdios da História os mortos eram enterrados em posição fetal, remetendo a uma ideia de nascimento ou renascimento. O homem primitivo entendeu que a morte e a vida caminham juntas, entendeu os mistérios de Nana.

Nana é o princípio, o meio e o fim; o nascimento, a vida e a morte.

Ela é a origem e o poder. Entender Nana é entender o destino, a vida e a trajectória do homem sobre a terra, pois Nana é a História. Nana é água parada, água da vida e da morte.

Nana é o começo porque Nanã é o barro e o barro é a vida. Nana é a dona do axé por ser o orixá que dá a vida e a sobrevivência, a senhora dos ibás que permite o nascimento dos deuses e dos homens.

Nana pode ser a lembrança angustiante da morte na vida do ser humano, mas apenas para aqueles que encaram esse final como algo negativo, como um fardo extremamente pesado que todo o ser carrega desde o seu nascimento. Na verdade, apenas as pessoas que têm o coração repleto de maldade e dedicam a vida a prejudicar o próximo se preocupam com isso. Aqueles que praticam boas acções vivem preocupados com o seu próprio bem, com a sua elevação espiritual e desejam ao próximo o mesmo que para si, só esperam da vida dias cada vez melhores e têm a morte como algo natural e inevitável. A sua certeza é a imortalidade da sua essência.

Nana, a mãe maior, é a luz que nos guia, o nosso quotidiano. Conhecer a própria vida e o próprio destino é conhecer Nana, pois os fundamentos dos orixás e do Candomblé estão ligados à vida. A nossa vida é o nosso orixá.

É na morte, condição para o renascimento e para a fecundidade, que se encontram os mistérios de Nana. Respeitada e temida, Nana, deusa das chuvas, da lama, da terra, juíza que castiga os homens faltosos, é a morte na essência da vida.

Características dos filhos de Nana Burukú

Os filhos de Nana são pessoas extremamente calmas, tão lentas no cumprimento das suas tarefas que chegam a irritar. Agem com benevolência, dignidade e gentileza. As pessoas de Nana parecem ter a eternidade à sua frente para acabar os seus afazeres; gostam de crianças e educam-nas com excesso de doçura e mansidão, assim como as avós. São pessoas que no modo de agir e até fisicamente aparentam mais idade.

Podem apresentar precocemente problemas de idade, como tendência a viver no passado, de recordações, apresentar infecções reumáticas e problemas nas articulações em geral.

As pessoas de Nana podem ser teimosas e “ranzinzas”, daquelas que guardam por longo tempo um rancor ou adiam uma decisão. Porém agem com segurança e majestade. As suas reacções bem equilibradas e a pertinência das suas decisões mantêm-nas sempre no caminho da sabedoria e da justiça.

Embora se atribua a Nana um carácter implacável, os seus filhos têm grande capacidade de perdoar, principalmente as pessoas que amam. São pessoas bondosas, decididas, simpáticas, mas principalmente respeitáveis, um comportamento digno da Grande Deusa do Daomé.

OSSAIN (ÒSANYÌN)

OSSAIN (ÒSANYÌN)

As pessoas dedicadas a Ossain usam colares de contas verdes e brancas. Sábado é o dia consagrado a ele e as oferendas que lhe são feitas compõem-se de bodes, galos e pombos. Seu iaôs, ao contrário daqueles de África, entram em transe, mas nem sempre possuem conhecimento profundo sobre as virtudes das plantas. Quando eles dançam, trazem nas mãos o mesmo símbolo de ferro forjado, cuja descrição já foi feita anteriormente. O ritmo dos cantos e das danças de Ossain é particularmente rápido, saltitante e ofegante. Saúda-se o deus das folhas e das ervas gritando-se: “Ewé Ô! “ (“Oh! As folhas!” ).

ARQUÉTIPO

O arquétipo de Ossain é o das pessoas de caráter equilibrado, capazes de controlar seus sentimentos e emoções. Daquelas que não deixam suas simpatias e antipatias intervirem nas suas decisões ou influenciarem as suas opiniões sobre pessoas e acontecimentos. É o arquétipo dos indivíduos cuja extraordinária reserva de energia criadora e resistência passiva ajuda-os a atingir os objetivos que fixaram. Daqueles que não tem uma concepção estreita e um sentido convencional da moral e da justiça. Enfim, daquelas pessoas cujos julgamentos sobre os homens e as coisas são menos fundados sobre as noções de bem e de mal do que sobre as de eficiência.

5 de setembro de 2010

EXÚ


A palavra “Exu” significa, em ioruba, “esfera”, aquilo que é infinito, que não tem começo nem fim. Exu é o principio de tudo, a força da criação, o nascimento, o equilíbrio negativo do Universo, o que não quer dizer coisa ruim. Exu é a célula mater da geração da vida, o que gera o infinito, infinita vezes.




É considerado o primeiro, o primogênito; responsável e grande mestre dos caminhos; o que permite a passagem o inicio de tudo. Exu é a força natural viva que formenta o crescimento. É o primeiro passo em tudo. É o gerador do que existe, do que existiu e do que ainda vai existir.



Exu está presente, mais que em tudo e todos, na concepção global da existência. É a capacidade dinâmica de tudo que tem vida. Principalmente dos seres humanos que carregam, em seu plexo, o elemento dinâmico denominado Exu.



É aquilo que no candomblé chamamos de Bára, ou seja “no corpo”, preso a ele. É o que nos dá capacidade de agir, andar, refletir, idealizar. Sem o elemento Bára, a vida sadia é impossível. Sem ele, o homem seria excepcional, retardado, impossível de coordenar e determinar suas próprias atitudes e caminhos de vida..



Realmente, Exu está presente em tudo. E damos como exemplo inicial a concepção da geração da vida. O membro ereto do macho tem a presença de Exu- aliás, em terras da África, o membro rijo é o símbolo da vida, o símbolo de Exu - ; a penetração na fêmea, tema a regência de Exu; a ejaculação é coordenada por Exu; o percurso do espermatozóide dentro da fêmea, é regido por Exu; também na fecundação do óvulo Exu está presente. E quando a primeira célula da vida esta formada, a presença de Exu se faz necessária. Já na multiplicação da célula, a regência passa por Oxum, que vai reger o feto até o nascimento.



Exu também está presente no calor, no fogo, na quentura. Presente se faz nos lugares poucos arejados, nos lugares onde existem multidões, nos ambientes fechados e cheios.



Exu está na alteração do ânimo, na discussão, na divergência, no nervosismo. Está presente no medo, no pavor, na falta de controle do ser humano. Também está perto na gargalhada, no riso farto, na alegria incontida. Para nós brasileiros, amantes do futebol, Exu está presente no grito de “gol”, que soltamos de forma feliz e nervosa. É o desprendimento do nervosismo contido no peito.



Exu é a velocidade, a rapidez do deslocamento. É a bagunça generalizada e o silêncio completo. Diz-se que Exu é a contradição. É o sim e o não; o ser e o não ser. Exu é a confusão de idéias que temos. É a invenção, descoberta. Exu é o namoro, é o desejo, é o sentimento de paixão desenfreadas e é também o desprezo. Exu é a voz, o grito, a comunicação. É a indignação e a resignação. É a confusão dos conceitos ba´sico. Aquele que ludibria, engana, e confunde; mas também ajuda, dá caminhos, soluciona. É aquele que traz dor e a felicidade.



Para se ter uma noção do comportamento e da regência paradoxal de Exu, cito um de seus Orikis (versos sarados), que diz;



“ Exu matou um pássaro ontem, com a pedra que jogou hoje”



Assim, pode-se ter uma idéia exata de quem Exu é, como é, e como rege as coisas. Ele esta presente em tudo..... em nada.



Exu esta presente no consumo de substâncias tóxicas, no álcool, na droga, no fumo. Ele é o sólido, o liquido e o gasoso. Está nas conversas de esquinas, de bares, de restaurantes, de praças. Está na aceitação ou recusa de qualquer coisa.



Está presente também nas refeições, pois ele é quem rege o ato de mastigar e engolir. A gula é atributo de Exu. Está no coito, no prazer sexual, na preguiça; mas também está presente na disposição, na energia, sem querer com isso carregar peso, pois Exu não gosta de carregar peso. Outro Oriki fala claramente sobre esta sua particularidade:



“ Xonxô obé, odara kolori erú”



“ A lâmina (sobre a cabeça) é afiada; ele não tem cabeça para carregar fardos”



Exu é tudo isso e mais. Fogo é o seu elemento, mas a Terra e o Ar são bem conhecidos de Exu. É a presença constante!







Mitologia



Exu é filho de Iemanjá e irmão de Ogun e Oxossi. Dos três é o mais agitado, capcioso, inteligente, inventivo, preguiçoso e alegre.É aquele que inventa historias, cria casos e o que tentou violar a própria mãe.



Numa de suas muitas histórias, podemos entender exatamente suas capacidade inventiva, sua conduta maquiavélica e sua maneira pratica de resolver seus assuntos e saciar seus desejos.



Conta-se que dois grandes amigos tinham, cada um deles,um pedaço de terra, dividido por uma cerca. Diariamente os dois iam trabalhar, capinando e revirando a terra, para plantio.Exu, interessado nas terras, fez a proposta para adquiri-las, o que foi negado pelos agricultores. Aborrecido, mas determinado a possuir aqueles dois terrenos, Exu procurou agir. Colocou na cerca um boné. De um lado branco, de outro vermelho. Naquela manhã, os amigos lavradores chegaram cedo para trabalhar a terra e viram o boné na cerca. Um deles via o lado branco e outro o lado vermelho.



Em dado momento, um dos amigos pergunto: - “O que este boné branco faz em minha cerca?” Ao que o outro retrucou: - “Branco? Mas, o boné é vermelho!”



- Não, não, amigo. O boné é branco, como algodão!



- Não, não é mesmo! É vermelho como o sangue!



- Não sei como você pode ver vermelho, se é branco, está louco?



- Não, o louco é você, que vê branco, se a coisa é vermelha!



Bem, daí desencadeou-se a maior discussão, até chegarem à luta corporal. E com as mesmas ferramentas de trabalho, mataram-se.



Exu, que de longe assistiu a tudo, esperando o desfecho já imaginado por ele, aproximou-se e assumiu a posse das terras, não sem antes fazer um comentário, bem ao seu estilo:



- Mas que gentes confusas, que não consegue solucionar problemas tão simples!



Esse é o tipo de Exu!



Não quero passar a impressão de que se trata de uma coisa ruim, má, mas Exu é nosso próprio interior, é a nossa intimidade, o nosso poder de ser bom ou mau, de acordo, com nossa própria vontade. Exu é o ponto mais obscuro do ser humano e é, ao mesmo tempo, aquilo que existe de mais óbvio e claro.



Assim é Exu, Senhor dos caminhos, pai da verdade e da mentira. O Deus da contradição, do calor, das estradas, do princípio ativo de vida. O mestre de tudo... e nada!







Dados



Dia: Segunda Feira



Data: Não existe especificamente, pois todos os dias são de Exu.



Metal: Não tem, sua matéria é a terra, pois nasceu da terra em forma de pênis.



Cor: Preto e Vermelho



Partes do Corpo: Sensações de sede e de fome, cavidade do Ori (cabeça), cavidade do útero, atividade sexual (não da atividade procriadora, da fecundação, pois ele é o resultado, o descendente), placenta fecundada, os pés (bola dos pés), uma parte do fígado (a outra é de Oya).



Comida: Sangue de bode, galos, galinhas, farofa de azeite de dendê, carnes mal passadas, pimenta e bebidas alcoólicas.



Arquétipos: magros, altos, sorridentes, extrovertidos demais, alegres, ambiciosos, com fé na vida, esperançosos para melhorar, positivo.



Símbolos: Ogo (bastão cheio de tranças de palha numa ponta com cabaças dependuradas, nas quais ele traz suas bebidas. O Ogo é todo enfeitado de búzios).

9 de agosto de 2010






OGUM ( Rosi ou lnkossi )


Foi escolhido pelo Criador para ser o Comandante de todos os Imalés.

Rei do Ferro - protetor de todos os que trabalham com instrumentos que venham dos metais, da agricultura.

Lendas :



Primeiro depois de muitas vitórias do comandante dos exércitos do reino de Odudua e sempre trazendo vitórias para a sua a cidade de Ifé, conquistou a cidade de Irê, que depois se tomou rei, mas com sua ,rida bélica deixou seu filho no trono. Daí, voltou em um dia em que ninguém falava, comia ou bebia em respeito a ele. Começou a matar aqueles que não lhe respondiam...





Ogum como ferreiro era casado com Oyá, que o ajudava com o fole enquanto o mesmo fazia as ferramentas, ativa o fogo na forja



Como ela levava as ferramentas para Xangô e com sua elegância e glamour, fez com que Oyá se apaixonasse por ele, ela o correspondia com olhares sensuais, acabando assim por fugir com o mesmo . Ogum revoltado pelo abandono de Oya, resolveu vingar-se. Olodumaré ou Eledumare fez com que lembrasse que era o Orixá mais velho e que era Pai de Oranian (Pai de Xangô) e que perdoasse. Porém Ogum contrariando tal ordem deixou dominar-se pelo ódio e pelo desejo de vingança e foi procurar os fugitivos. Ao encontrá-los, Oyá atacou-o para defender seus ideais e os dois se atingiram um ao outro ao mesmo tempo. A espada de Ogum partiu Oya em nove pedaços, que havia sido feita pelo próprio Ogum - a Espada - deu a condição de luta a Oya - e ela o atingiu cortando em sete, daí se tomou Ogum Megê (sete) e Oya tornou-se Iyamésan ( a mãe transformada em nove) - que se liga a nove Orum.

7 de agosto de 2010

OXOSSI

OXOSSI

A grande importância é por estar ligado ao parentesco com Ogum e por ter grande presença nas ações aventureiras. Protege quem gosta de fazer expedições é hábil curandeiro, pois está muito ligado com Ossae.

1º Lenda:

Viviam em uma vasa perto das matas. Iemanjá - a mãe que cuidava da casa, Ogum que supria a dispensa com a colheita de suas plantações, Oxossi que a provia com a caça, Exu o indisciplinado e insolente que fora expulso de casa por querer comer antes dos mais velhos, inclusive do pai. Iemanjá, alertada por um Babalaô, avisou a Oxossi para não se aventurar para grandes distâncias na mata, pois havia uma feiticeira que gostava de sua companhia e poderia aprisioná-lo.









Oxossi não a ouviu e o previsto aconteceu; Ossae lhe deu um preparado de ervas para lhe tirar a memória impossibilitando de voltar para casa. Ogum ficou preocupado e foi em busca do irmão.

Ajudado por um Babalaô, Ogum venceu mais essa demanda, mas ao retomar com Oxossi, ficou tão indignado ao ver sua mãe ainda revoltada, não aceitando o retorno do filho que também se foi. Oxossi voltou a viver com Ossae e Iemanjá desesperada, transformou-se num rio e partiu para o mar.

Logun Edé










LOGUN-EDÉ


É o resultado do encanto, ou do encantamento, de Oxossi Ibualama e Oxum Ieopondá. Divindade dos rios, Senhor da Pesca, que vive seis meses com o pai, Oxossi, na caça e seis meses, com a mãe Oxum, na água doce.Erradamente considerado como um Orixá “meta-meta”, ou seja, de dois sexos, Logun-Edé é um Orixá masculino, embora divida o tempo com os pais.



Logun-Edé é a beleza em pessoa. O encanto dos jovens, o namorado, o flerte. Logun rege a ingenuidade do jovem, a adolescência, a beleza adolescente. Seu encanto está no primeiro beijo, no primeiro abraço, na primeira oportunidade das “mãos-dadas”, no primeiro carinho.



Está presente no brilho do olhar, no perfume das flores, numa paisagem singela. É também o deus da arte, o principio daquilo que é belo e terno. É o príncipe das águas doces, da caça, da alegria e do jovialidade.



Encontramos Logun-Edé num grupo de jovens, na musica que os aproxima, no conhecimento e no encontro, na alegria de viver livremente. Porém, encontramos Logun-Edé também nas intrigas, nos segredos maldosos, pois ele é capcioso, matreiro, inventivo, meio moleque.



Mas, Logun-Edé rege fundamentalmente o carinho, o gesto meigo, o afago, pois trata-se de um Orixá extremamente dengoso, dependente, ciumento, singelo e manhoso.



É o deus da juventude, dos estudos. Sua presença é marcante nos colégios, escolas, faculdades, enfim, em todas as instituições de ensino, onde se concentram os jovens.



Logun-Edé é o encanto, o sorriso, o piscar de olhos, a vida jovem e ativa.



Também está encantado no mato baixo, nas matas pouco densas e, principalmente, nos rios, sua morada predileta.



Está ligado – como o pai, Oxossi – às artes de pintar, esculpir, escrever, dançar, cantar e a todas as atividades. Está ligado ao banho, pois também é filho de Oxum, deusa das águas doces.



Resumindo, Logun-Edé rege o romance, o namoro, as amizades, sendo ele o responsável pelos gestos amigos e sinceros entre as pessoas. Está encantado, também, nos pequenos animais, como o coelho, o porquinho da índia e os pequeninos pássaros.





Mitologia









Como já disse, Logun-Edé é o filho de Ibualama e Ieponda. Tem ele três irmãos: Ode Ifá, ligado ao ar, afilhado de Oxalá; Ode Issambô, ligado às plantas, afiilhado de Ossãe; e Ode Ilê, afilhado de Exu.



Logun-Edé sempre foi considerado como príncipe, filho de reis. Menino arisco, teimoso, levado, brincava sempre além dos limites da regência de sua mãe Oxum, que era a cachoeira. Porém, era admirado por todos, e muito querido também.



Certo dia, o príncipe Logun-Edé, contrariando as ordens do pai e da mãe para que não brincasse perto do rio por ser perigoso, resolveu arriscar, atravessando de uma margem à outra, montando num tronco de árvore.



Subitamente, o tronco virou e Logun-Edé foi para no fundo do rio. Mesmo sendo bom nadador, Logun não conseguia chegar à tona.



Aflitos, e pressentindo algo de errado, Oxossi e Oxum, seus pais, resolveram ir atrás dele e chegaram até o rio. O coração de mãe não se enganou. Oxum sabia que filho estava no fundo do rio e apelou para a força de Olorun, a fim de recuperar seu primogênito.



- Pai,- disse ela – não deixe que meu filho se afogue. Eu sou a Rainha das águas doces, e não poderia perder meu filho justamente no fundo de um rio. Salve-o Pai, salve-o!



E Oxossi também apelou ao pai Olorun:



- Não deixe que meu filho morra, Olorun, não permita!



E Olorun, atendendo aos pedidos do deus da caça e da deusa das cachoeiras, ergueu Logun-Edé do fundo do rio e advertiu:



-Ai está seu filho que, por sua teimosia, quase perde a vida. De agora em diante fica Logun-Edé, filho de Ibualama e filho de Ieponda, com a obrigação de zelar pelos rios e prover a pesca.



E, assim, Logun-Edé passou a reinar nos rios, a cuidar deles e ajudar aos pescadores.



O elemento de Logun-Edé está ligado aos pais: terra e água, dando a ele os poderes do pai e os da mãe.





Dados



Dia: quinta feira;



Data: 19 de abril;



Metal: Ouro;



Cor: azul celeste e amarelo;



Partes do corpo: as mesmas correspondentes a Oxossi e Oxum;



Comida: axoxo (feita com milho amarelo e coco) e omoolucun (feita com feijão fradinho e ovos);



Arquétipo: altruístas, abnegado, sinceros, simpáticos, tensos, austeros, possuem senso de coletividade, calmos, desprendidos, inconstantes, vaidoso e sonhadores.



Símbolos: abebê e ofá

Gongobira




Filho de MIKAIA e LEMBARAGANGA é o deus da caça e vive nas florestas, onde moram os epíritos dos antepassados. Tem a virtude de dominar os espíritos da floresta.




GONGOBIRA é o único Inkice que entra na mata da morte, joga sôbre si um pó sagrado, avermelhado, chamado AROLÉ, que passou a ser um de seus dotes. Este pó o torne imune a morte e aos EGUNS.



Sendo êle um rei, carrega o EYRUQUERE ( espanta moscas ) que só era usado pelos reis africanos, pendurado no saiote.



Come com ALUVAIÁ e mora do lado esquerdo, onde está situado toda a sua força. Cura-se e raspa-se pelo lado esquerdo.





QUALIDADES





- TATETO MUKONGO RIA MUTALAMBO ( Equivalente a YBUALAMO no Kéto )



É velho e caçador. Come nas águas mais profundas.



Sua vestimenta é azul celeste, como suas contas. Come com KAVIUNGO BELAGUANGE. Usa um capacete feito de palha da costa e um saiote de palha.



- TATETO MUKONGO RIA TATA KEUALA ( Equivalente a INLE no Kétu )



É o filho querido de LEMBÁ e MIKAIA. Veste-se de branco em homenagem a seu pai. Usa chapéu com plumas brancas e azul claro. É tão amado que LEMBÁ usa em suas contas uma azul claro de seu filho. Come com seu pai e sua mãe ( todos os bichos ) e tem fundamento com MUKUMBE TANGO AVANGO.



- TATETO MUKONGO RIA GONGOJÁ ( Equivalente a DANA DANA no Kétu )



Tem fundamento com ALUVAIÁ, KATENDÊ, RANGORO e MATAMBA. É êle o Inkice que entra na mata da morte e sai sem temer EGUN e a própria morte. Veste azul claro.



- TATETO MUKONGO RIA KATALAMBO ( Equivalente a AKUERERAN no Kétu )



Tem fundamento com RANGORO e KATENDÊ. Muitas de suas comidas são oferecidas cruas. Êle é o dono da fartura. Êle mora nas profundezas das matas. Veste-se de azul claro e tiras vermelhas. Suas contas são azul claro. Seus bichos são: pavão, papagaio e arara, tira-se as penas e solta-se o bicho.



- TATETO MUKONGO RIA KABILA ( Equivalente a OTYN no Kétu )



Guerreiro e muito parecido com seu irmão MUKUMBE, vive na companhia dêle, caçando e lutando. É muito manhoso e não tem caráter fácil. Muito valente, esta sempre pronto a sacar sua arma quando provocado. Não leva desaforos e castiga seus filhos quando desobedecido. Usa azul claro e o vermelho, contas azul, leva capangas, roupas de couro de leopardo e bode. Tem que se dar comida a MUKUMBE.



- TATETO MUKONGO RIA LANDAGUANGI ( Equivalente a KOIFÉ no Kétu )



Não se faz no Brasil e na África, pois muitos de seus fundamentos estão extintos. Seus eleitos ficam um ano recolhidos, tomando todos os dias o banho das folhas. Veste vermelho, leva na mão uma espada e uma lança. Come com KATENDÊ e vive muito escondido dentro das matas, sòzinho. Suas contas são azuis clara, usa capangas e braceletes. Usa um capacete que lhe cobre todo o rosto. Assenta-se LANDAGUANGE e faz-se TATA KEUALÁ; trinta dias após, faz-se toda a matança.



- TATETO MUKONGO RIA KASSAGUANGI ( Equivalente a AROLÉ no Kétu )



Propicia a caça abundante. É invocado no PADE. É um dos mais belos tipos de GONGOBIRA. As pessoas dêle são muito antipáticas. Jovem e romantico, gosta de manorar, vive mirando-se nas águas, apreciando sua beleza. Come com MUKUMBE e DANDALUNDA. Veste azul claro, aprecia a carne de veado e é agil na arte de caçar.



- TATETO MUKONGO RIA TALAKEUALÁ ( Equivalente a ODÉ KARE no Kétu )



É ligado as águas e a DANDALUNDA, porém os dois não se dão bem, pois exercem as mesmas forças e funções. Come com DANDALUNDA e LEMBARAGANGA. Usa azul e um BANTÉ dourado. Gosta de pentear-se, de perfume e de acarajé. Bom caçador, mora sempre perto das fontes.



- TATETO MUKONGO RIA GONGOBIRA ( Equivalente a ODÉ WAWA no Kétru )



Vem da orígem dos Inkice caçadores. Veste-se de azul e branco, usa arco e flecha e os chifres do touro selvagem. Come com LEMBARAGANGA e KAMBARANGUANGE , pois dizem que êle fez sua morada debaixo da gameleira.



- TATETO MUKONGO RIA MUTALAKALAMBO ( Equivalente a ODÉ WALÈ no Kétu )



É velho e usa contas azul escuro. É considerado como rei na África, pois, seu culto é ligado, diretamente, a pantera. É muito severo, austério, solteirão e não gosta das mulheres, pois as acha chatas, falam demais, são vaidosas e fracas. Come com ALUVAIÁ e MUKUMBE.



- TATETO MUKONGO RIA TAWA MINICONGO ( Equivalente a ODÉ OSEEWE OU YBO no Kétu )



É o senhor da floresta, ligado as folhas e a KATENDÊ, com quem vive nas matas. Veste azul claro e usa capacete quase tampando o seu rosto.





UNSABA



- João borandi, São Gonçalinho, espinho cheiroso, alecrim do campo, maminha de vaca, abre caminho, alfavaca, saião, ingá, acácia jurema, alecrim caboclo, arruda miuda, bredo de Santo Antonio caiçara, erva curraleira, aperta ruão, groselha ( folhas ) , pitanga, rabo de tatu, patchulim ( folhas ) e língua de vaca.